segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um país democrático: a panela só é ruim pra quem não come nela

Francesco Costa - O brasileiro vive querendo um país democrático, não é? E então, será que proibir que este ou aquele sujeito se candidate não seria um ato antidemocrático? O povo brasileiro tem o privilégio de tomar as decisões, escolhendo seus governantes através do voto, entregando o poder de decidir o futuro de seu município, estado ou país.
Não são os políticos que escolhem o povo, mas o povo que escolhe os políticos, cumprindo até um provérbio bíblico: “Uma nação tem o governo que merece”. Então, cabe ao Congresso Nacional decidir quem será candidato, mas ao povo cabe a decisão de quem governará. O povo finge não perceber, mas é mais poderoso do que o Congresso. Quem permitiu que o Jader fosse candidato a senador foi o Congresso, mas quem o elegeu foi o povo, que agora vive se escondendo de suas responsabilidades, pondo em outros suas culpas. Afinal, o bom da culpa é que ela pode ser transferida.

Quem faz a polícia rodoviária ser corrupta? O povo, que entre ser multado ou dar R$ prefere a segunda opção! Atire a primeira pedra quem nunca chamou o guarda de trânsito pra “conver$ar"; quem nunca pagou um por fora para ter o serviço pretendido mais rápido; quem nunca pagou ao vistoriador do Detran para o procedimento ser menos rigoroso; quem nunca deu gorjeta ao garçom para da próxima vez ser melhor atendido e ele caprichar na medida da dose da bebida.
Quem faz isto, e ainda não conheci alguém que não o faça, chama tal gesto de “jeitinho brasileiro”, esquecendo de que está apenas repetindo o mesmo que é feito pelos políticos que o tal critica.

“Casa de pai é escola de filho”, diz o arcaico ditado; então é por isto que os filhos crescem praticando tudo isto. Já passaram a infância inteira vendo o pai subornar o guarda nas blitze etc. e ainda conta vantagem, se passando por esperto. Ele mostra ao filho que é normal roubar o estado subornando o guarda de trânsito ao invés de pagar multa; que é melhor andar em rodovia de péssima qualidade, amassar a roda do veículo, do que pagar o IPVA.

Nós, que estufamos o peito e nos qualificamos como “cidadãos de bem”, deveríamos ter vergonha de sustentar o sistema da corrupção que existe não só no alto escalão político, mas em qualquer meio que vamos.

Muitos empresários se dizem revoltados, mas não têm coragem de denunciar quem paga à Policia Rodoviária para seus caminhões não serem de fato fiscalizados. O alto escalão do governo ou da policia sabe como funciona, mas acha mais cômodo, pois, afinal, é assim que o povo quer. Todo dia, toda hora e em todo lugar se vê estas arbitrariedades e ao lado delas gente reclamando e tirando o dele da reta! Mas me mostre onde fica a fila dos que engrossam a voz diante de uma proposta ou da oportunidade de usar o “jeitinho brasileiro”, impondo respeito e partindo depois para a denúncia.
Galera, o Brasil é do jeitinho que a gente gosta, e é a cara do brasileiro.
O político trabalha pra quem? Pra você. E como tal tem mais é que agradar ao patrão.
E como é que o patrão/você gosta? Que ele traga dinheiro, faça contratos fraudulentos, dê cesta básica, arranje uma boquinha pro seus chegados, esbanje dinheiro etc.
Ninguém vota em candidato liso. Afinal, já diz o velho ditado: “Se não tem dinheiro não entre em política”.
Queira me desculpar, mas já estou de sado cheio de ouvir reclamações de gente que faria o mesmo se tivesse acesso ao dinheiro público. Comprovado está que “a panela só é ruim pra quem não come nela”.

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