domingo, 14 de agosto de 2011

Adesão do Pará à Independência, uma revolução sem mudanças

Há exatos 188 anos, em 15 de agosto de 1823, foi assinada a Adesão do Pará à Independência do Brasil. Um fato que determinou a história recente do estado. A adesão aconteceu quase um ano depois do famoso grito às margens do Ipiranga.

Isso porque, naquela época, o país era dividido em duas capitanias: A província do Grão Pará e Maranhão e a Província do Brasil. Os dois territórios faziam parte da colônia portuguesa, mas quase não havia comunicação entre eles. O Pará se reportava diretamente a Portugal e pouco contato tinha com o resto do país.

Por ordem do imperador Dom Pedro I, a esquadra comandada pelo almirante John Pascoe Grenfell desembarcou em vários estados, forçando os que ainda não haviam aderido à independência a aceitar a separação definitiva entre Brasil e Portugal. Mas a missão deveria ir apenas até a Bahia. Não havia ordens para chegar ao extremo Norte. Mesmo assim, eles desembarcaram no Porto de Salinas (PA) no dia 11 de agosto de 1823, de acordo com o historiador João Lúcio Mazzini.

Carta
Um blefe de John Grenfell convenceu os responsáveis pelo estado a aceitar a adesão. O almirante trazia uma carta que seria de Dom Pedro I. O documento comunicava que os governantes do Pará deveriam se unir ao Brasil. Caso contrário, teriam os territórios invadidos. A esquadra imperial estaria esperando em Salinas, pronta para bloquear o acesso ao porto da capital e assim sufocar a economia, baseada nas exportações.

No mesmo dia 11 de agosto, foi convocada uma assembleia no Palácio Lauro Sodré, sede administrativa na época. Acreditando na história e temendo um ataque, os governantes preferiram aderir à independência, sob a condição de que os postos e cargos públicos fossem mantidos. A adesão foi assinada quatro dias depois, data escolhida para o feriado. A ata com as assinaturas faz parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Pará.

Foi uma revolução que não mudou absolutamente nada. O Pará deixou de pertencer ao império português e passou a pertencer ao império brasileiro. Para as pessoas comuns, como negras, índias e pobres, não houve mudança, explica o historiador.

Era uma esquadra formada por 100 homens sob o comando de Grenfell, que tinha apenas 23 anos de idade. A população de Belém era de pelo menos 15 mil pessoas. Não havia possibilidade de confronto.

A manutenção do poder com a adesão resultaria, três meses depois, na Revolta do Brigue Palhaço, quando 256 pessoas foram confinadas no porão do navio São José Diligente e morreram asfixiadas, sufocadas ou fuziladas.

A repressão contra os movimentos populares naquele momento também culminou na Revolta da Cabanagem, em 1835, explica Mazzina. Se não fosse por esta união entre o Pará e o Brasil, nossa situação hoje poderia ser diferente. Poderíamos ter evoluído para um Reino Unido a Portugal ou ao Brasil, ou mesmo para um país independente. (Glauce Monteiro, assessora de Comunicação Institucional da UFPA)

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