domingo, 11 de outubro de 2009

Um homem dado às mulheres

CRÔNICAS DO PC
Em busca de pessoas diferentes, que ficaram conhecidas por algum trabalho em torno dos costumes regionais, e fossem cantores populares, contadores de histórias ou cordelistas, encontramos numa residência da Rua Perpétuo Socorro, bairro Rio Verde, um senhor com todas essas características e mais alguns predicados diferenciados.

Eu e Rose Valente, assessora da Secretaria de Cultura, ficamos frente a frente com senhor Pedro Alves Cabral, um idoso de 72 anos, paraibano, pedreiro, marceneiro, tocador de viola, poeta repentista, autor de várias criações de cordel, e um homem muito dado às mulheres. Maravilhados, ouvimos o idoso senhor declamar e cantar algumas de suas criações.

Perto de mim e de Rose, portaram-se a mulher Eusimar e as filhas, a mais nova com cinco anos. Sem muito rodeio, fui logo indagando: “Seu Pedro, qual o tamanho de sua família?”. O homem se ajeitou melhor no assento e, com um largo sorriso estampado, disse sem a mínima cerimônia: “Tenho 28 filhos e já tive vinte mulheres, a última é essa aqui, Eusimar, que me deu quatro filhas e com quem estou casado”. Pasmado, nem queria acreditar! Estava ali em minha frente um autêntico herói brasileiro que, adoidado, se dispôs a fazer filhos, como ele mesmo afirma, “a torto e a direito”.

Perplexo, me recomponho da surpresa, ainda perguntei a seu Pedro: “Qual o segredo de tanta vitalidade?”. Com semblante diferente de homem orgulhoso de seus feitos e conquistas do passado, ele continuou a falar, contando um pouquinho de sua vida: “Quis o destino me envolver com 20 mulheres, com quem vivi períodos diferentes. Onze delas me deram vinte e oito descendentes. A luta foi árdua para sustentar tantos ‘resguardos’ à base de carne de bode retalhada e seca no sol, mas lhe garanto: cumprir a minha missão, até chegar aos dias de hoje, feliz, ao lado de Eusimar, minha esposa, acredito, será a última”.

A vida é assim, caminhos a percorrer das formas diferentes de se viver, mas que ninguém consegue mudar os traçados do destino.

A conversa entre nós continuava ótima. Para melhorar o enredo, perguntei a seu Pedro como ele conseguiu conquistar tantas mulheres, se fora apenas com lábias próprias dos conquistadores, ou pelo seu charme de homem elegante e irresistível.

“Veja bem”, respondeu, “acho que misturei as coisas, me saindo muito bem com as minhas cantadas filosóficas, tipos ‘dando em cima de vez’, naquela maneira de ser franco nas primeiras palavras. Veja como eram as frases que toda mulher ao ouvi-las acha engraçadas e se abre toda: ‘Sabe o que ficaria bem em você’? Resposta da mulher: ‘Não. O quê’? Nem deixava fechar a boca e respondia: ‘Eu’... ‘Todas essas curvas e eu sem freio nenhum’. ‘Bonito o seu vestido. Posso falar com a senhorita fora dele’. ‘Adorei suas roupas, acho que elas ficariam lindas no chão do meu quarto’. “Com licença, você poderia me dar uma informação?’ Resposta: ‘Claro. Diga’. ‘O que eu tenho de fazer pra ganhar o beijo seu?’ ‘Dizem que o amor é algo maravilhoso. Vamos fazer um pouco e descobrir?’ O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo”.

Pedro Alves Cabral finalizou nossa conversa com uma frase sábia, dele mesmo: “Não existe amor à primeira vista. O que existe é a pessoa certa no momento certo. Você, por acaso, estava lá”?

Pedro Cláudio M.Reis (PC) / E-mail: pcmourareis@yahoo.com.br

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