quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Quem não pode expia

CRÔNICAS DO PC
Vivemos numa sociedade onde as diferenças são gritantes. Para os bem de vida (quer dizer, aqueles que têm dinheiro), a situação que se lhe apresenta é bem diferente, em comparação àquelas pessoas menos favorecidas.

Querer e poder são uma situação privilegiada, maneira de se viver usufruindo tudo aquilo que necessita do bom e do melhor, privilégios de poucos.

Para haver controle da situação, a sociedade exige paz e ordem. Como tal atitude não pode ser conseguida pelo indivíduo sozinho, a sociedade tem de interferir e exigir de seus membros comportamento desejável. Para tanto, se criou uma série de artifícios que têm sido empregados por grupos sociais, através do tempo, para manter os indivíduos sob controle. Entre os tais, estão a opinião pública, a lei, a crença e respeito às instituições.

Fiz essas referências para poder mostrar a situação pessoal do doutor Majaribe Couto, engenheiro bem-sucedido, dono de uma empresa de construção civil, e um de seus empregados, o operário Ali el Buto, descendente de pai turco.

Doutor Majaribe Couto mora em uma mansão de 1.200 m2, gozando do conforto de quem é rico. Para se locomover, é proprietário de um helicóptero, três carrões importados e um iate para passeios litorâneos em fins de semana.
Já o operário Ali el Buto possui uma moto, modelo 2006, e uma bicicleta para a mulher se locomover, facilitando suas idas e vindas de um lugar a outro, evitando pagar passagens de coletivos, para não pesar no orçamento doméstico.

Na situação em que o mundo se encontra, em séria crise financeira criada pelos ricos (o pobre pagando o pato), o operário Ali el Buto dá graças a Deus manter seu emprego, onde ganha o suficiente para ir vivendo sem passar necessidade. Entende as diferenças entre ele e o patrão, os dois vivendo em mundos diferentes, doutor Majaribe Couto em opulência, e ele em duras dificuldades.

Ali el Buto é amigo e cabo eleitoral de um deputado federal comunista que, em compromisso de campanha, prometeu que se fosse eleito ia trabalhar no sentido de diminuir as injustiças e a injusta distribuição de renda.

Até o momento, a atuação do deputado comunista na Câmara Federal tem sido obscura. Seu partido faz parte do poder, apoiando o governo Lula. Inclusive, votou nas eleições para presidente do Senado e Câmara em José Sarney e Michael Temer, embora os rumos doutrinários de seu partido sejam bem diferentes do fisiologismo do oportunista PMDB.

Segmento doutrinário é algo que requer dedicação de causa, sem nunca recuar dos princípios éticos atribuídos às metas a seguir, nem quando lhe são oferecidas vantagens fabulosas, como as benesses do governo.

Ser comunista hoje no Brasil é andar de braços dados com a elite do poder, nem que para tanto seja necessário ficar ao lado de políticos como Renan Calheiros, Gim Angello, Romero Jucá, Jader Barbalho, Fernando Collor, Eduardo Cunha, Eliseu Padilha, Henrique Alves e tantos outros, respondendo processos na Justiça, que representam um verdadeiro “barril de lama”, que cheira mal ao se chegar perto.

O operário Ali el Buto fica imaginando o quanto é dificultoso a vida de pessoas iguais a ele. Além das oportunidades serem poucas, os políticos eleitos para representá-los não cumprem o papel que lhes cabe dentro do cargo que foi eleito. É o caso do deputado comunista que recebeu seu voto.
Em Brasília, acostumou-se mal e se esquece do povo humilde que votou nele, acreditando nas suas promessas de luta em defesa dos oprimidos, da justiça, contra a corrupção, e ajudando a expurgar os políticos ordinários que não prestam.

Pedro Cláudio M.Reis (PC) / E-mail: pcmourareis@yahoo.com.br

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