domingo, 17 de maio de 2009

Caso Novelino

Nova versão de Chico Ferreira envolve dois deputados

Matéria completa publicada na edição deste domingo (17) no Diário do Pará

Diário do Pará
Dois anos depois do assassinato dos irmãos Novelino, Chico Ferreira (João Batista Ferreira Bastos) resolveu romper o silêncio. "Não falei antes porque estava em depressão, com pânico, tomando remédios", diz ele. "Mas as escrituras sagradas nos ensinam que não há nada que esteja encoberto que um dia não venha a ser revelado".

O empresário dono da Service Brasil, palco do assassinato dos irmãos Uraquitã e Ubiraci Novelino, condenado a 80 anos de prisão, diz que foi vítima de um complô entre os verdadeiros culpados, para que fosse incriminado como mandante do crime.

Segundo Chico Ferreira, a origem de tudo foi um empréstimo pedido pelo atual deputado federal Paulo Rocha e o então deputado estadual Valdir Ganzer, a ele e aos irmãos Novelino, para ajudar na campanha municipal de 2004.

"Existia um débito com o deputado federal Paulo Rocha e o deputado estadual Valdir Ganzer para a campanha de 2004 para a prefeitura. Luís Araújo nos apresentou aos dois. Fiz um empréstimo no Banco BMG para a Service Brasil, de 600 mil reais, e os irmãos Novelino emprestaram 900 mil reais. Os deputados pediram esse dinheiro emprestado e assinaram três promissórias como garantia de pagamento. Eles iriam pagar o empréstimo a juros de 4%".

Naquele ano, o PT ganhou 19 prefeituras. Mas, segundo Ferreira, a dívida não foi paga. O responsável pela negociação seria Luís Araújo. Após a eleição, foi feita uma festa no apartamento de Chico Ferreira, na avenida Alcindo Cacela. Presentes, Rocha e Ganzer teriam dito que Ferreira e os Novelino haviam sido os únicos empresários paraenses que acreditaram no PT.

"Ocorre que eles não esperavam que ocorresse o famoso mensalão. E aí o bicho desandou para o lado deles. Desde aí, deixaram de pagar os juros da dívida. Rocha tinha condições de pagar. Mas parou. E nos pediram que aguardássemos. Estive lá várias vezes com o deputado Rocha. Estive lá cobrando. Pediram para ter paciência. Ia correndo juros e nós aguardando".

Em janeiro de 2007, foi feita uma proposta, que era de pagar a dívida de 30 de abril de 2007 a 30 de dezembro de 2008. "Aceitamos a proposta. Demos cheques da Service Brasil para os Novelino e fiquei com as promissórias em meu poder. Nós íamos receber o dinheiro para investir em criação de peixes em Tucuruí".

No início de abril de 2007, Luís Araújo teria procurado Ferreira dizendo que havia se reunido com Rocha e Ganzer, e que eles iam pagar a dívida em quatro parcelas de 750 mil reais. Diziam também que os juros estavam muito altos e queriam um desconto de um milhão de reais.

"Aceitamos a proposta. Em troca, pedimos que indicassem o deputado Alessandro Novelino como presidente da Assembleia Legislativa a partir de 2009". Essa proposta não teria sido aceita. "Araújo disse para eu pegar o cheque de volta com os irmãos e fazer quatro cheques de 750 mil do Banco Itaú. Os Novelino pediram para marcar a reunião na Service Brasil e que fôssemos o mais discreto possível, devido ao processo da Operação Rêmora da Polícia Federal. Deveríamos ter o mínimo de cuidado com essa situação. Na segunda-feira, 23 de abril, reunimos no Posto Texas. E nisso marcamos uma reunião para o dia 25, à tarde, no auditório da Service Brasil. Nesse momento, pedi a Uraquitã Novelino que emprestasse 60 mil reais para pagar as despesas da Service. Ele deu um cheque do Bradesco. Pedi para eles irem num carro que não chamassem atenção, porque os carros deles estavam sendo monitorados pela Polícia Federal. Neste dia 25, era o aniversário da minha irmã. Iríamos reunir lá e de lá iríamos para o aniversário dela e na quinta-feira, 26, eu e Ubiraci Novelino iríamos pescar e mergulhar em Salinas até domingo".

Reunião acaba em morte
Na versão de Ferreira, Luís Araújo estava na sala. Ele chegou à empresa às 17 horas, atrás da Fiorino. "Eu disse que não tinha carro na empresa. Eu perguntei sobre a Fiorino e ele respondeu que tinha emprestado para o Sebastião Cardias para fazer levantamento de câmeras de filmagem, já que íamos fazer a troca delas, porque elas não gravavam som, só filmavam. Aí, pedi para ele ficar aguardando na recepção, com o porteiro Emanoel. Nesse momento, o apresentei para o Emanoel e disse que quando a Fiorino chegasse era para avisar Luís Araújo, que estaria na portaria aguardando. E disse que quando os irmãos Novelino chegassem era para avisar pelo interfone na minha sala".

No auge da reunião, entraram Sebastião Cardias e José Augusto Marroquim, dizendo ser um assalto. "Cardias colocou algemas em mim, tirou todos os meus pertences, tudo que era nosso, e colocou capuz na gente e me jogou fora do auditório. Me deixou lá no estacionamento, deitado de bruços, com capuz. Uns vinte minutos depois, Cardias me retira a algema e o capuz e manda eu ir na portaria dizer a Emanoel para fechar a porta e seguir sua orientação, senão meus amigos seriam mortos", relata.

Segundo Ferreira, a Fiorino estava estacionada em frente ao auditório. O porteiro abriu o portão, estando Luís Araújo ao lado dele. "Fui na portaria e pedi para Emanoel fechar o portão. Ele fechou, eu retornei. Cardias novamente me encapuzou, algemou e depois voltou para dentro do auditório. Posteriormente, saiu novamente, tirou meu capuz, me levou na cozinha da empresa e pediu dois sacos plásticos pretos e material de limpeza, pano e detergente. Retornou e me deixou novamente no estacionamento".

"Contei depois para Luís Araújo o que tinha ocorrido. Ele me respondeu: ‘Fica tranquilo, que vou resolver essa parada. Pensei que Cardias tinha tomado jeito, já que ultimamente tinha trabalhado com o deputado Pio Neto e não tinha dado problema na campanha de 2006. Agora ele apronta essa comigo. Vou te deixar na tua casa. Deixa o telefone ligado. Entro em contato contigo e tu levas a polícia para nós pegarmos ele".

Um comentário:

Anônimo disse...

este sr.que se dis inocente,e tão culpado quanto os outros assasinos.este sr.no dia seguinte do assasinato dos irmãos ele foi preso pelos seguranças do ubiraci e quando perguntado onde estavam ele simplesmente, disse que não sabia do paradeiro dos dois irmãos ja que ele foi tambem vitima, porque na hora que foi abordado não contou a verdade e tambem quando foi perguntado pelo pai dos irmãos que sabia que os dois tinham ido em uma reunião com ele na service brasil para receber o dinheiro do emprestimo este sr. respomdeu na maior cara de pau que não sabia e que não devia mais nada para os dois. agora para quem não conhece os fatos veridicos pode ate pensar que este sr. esta falando a verdade mais para quem convivia com os dois irmãos mortos no dia dia sabe que este sr. esta mentindo e que ele e um dos mentores do crime. junto com o comparsa marcelo gabriel que na vespera da morte dos irmãos estiveram no escritorio do kitan e pegaram r$60.000.00 como emprestimo e nimguem falou nada porque e filho do ex-governadro portanto este sr. tem mais e que apodreser na cadeia.